segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Apostila Alunos do 2º ano Logística - material para IV unidade.


O PLANEJAMENTO DOS TRANSPORTES NO CONTEXTO DA LOGÍSTICA

O CONCEITO DE LOGÍSTICA

A Logística pode ser definida como sendo o planejamento e a operação dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que insumos e produtos vençam condicionantes espaciais e temporais de forma econômica.
Nota-se, assim, que a Logística não se atem aos aspectos físicos do sistema (veículos, armazéns, rede de transportes, etc.). Os aspectos informacionais e gerenciais, envolvendo processamento de dados, tele-informática, processos de controle gerenciais, etc. fazem parte integrante da análise logística.
A Logística, por outro lado, procura resolver problemas de suprimento de insumos ao setor produtivo, de um lado, e de distribuição de produtos acabados ou semi-acabados na outra ponta do processo de fabricação.
No lado dos insumos, pode-se mencionar, dentre outros, os problemas ligados às fontes de suprimento (diversificação, preços, custos de transporte, etc.), à política de estocagem, aos meios de transporte utilizados, etc.
Na ponta oposta, que trata do produto acabado ou semi-acabado, os principais problemas de logística referem-se à armazenagem, processamento de pedidos, transferências, distribuição, etc.
Há, ainda, outros tipos de problemas logísticos gerais, como é o caso da localização de instalações de armazenagem, processamento de informações, etc., que merecem igualmente a atenção do analista.
Desta forma, de acordo como conceito apresentado, o enfoque logístico implica em vencer condicionantes espaciais e temporais. Esse aspecto é fundamental para se entender os conceitos envolvidos no moderno enfoque dos problemas logísticos. Enquanto o transporte tradicional de mercadorias cuida de vencer restrições espaciais, deslocando os produtos dos pontos de produção para os centros de consumo, a Logística, no seu enfoque moderno, não se restringe a isso. Ao contrário, as restrições temporais ocupam hoje papel de destaque na resolução dos problemas. O aspecto temporal aparece de várias formas, como, por exemplo, na exigência do cumprimento de prazos rígidos para entrega dos produtos no destino, a exigência de níveis de confiabilidade operacional, etc.
Um dos exemplos mais característicos das restrições temporais nos problemas logísticos é da distribuição diária de um grande jornal. Uma vez definidas e redigidas as matérias jornalísticas, o jornal é impresso, estando pronto para a distribuição. Surge, então, o problema complexo de levar o jornal para as bancas, para os assinantes e para pontos distantes do País e do exterior.
Vê-se, desde logo, que não basta transportar o jornal, da empresa jornalística até os pontos de consumo ou comercialização. Isso porque o jornal diário perde sua finalidade informativa se não chegar aos leitores a tempo de transmitir-lhes os fatos mais recentes. Jornal atrasado é papel morto, sem serventia.
É necessário, portanto, que se organize um sistema de distribuição eficiente em que o assinante, ou aquele que adquire o jornal na banca, o receba na hora certa. Há, assim, um forte condicionante temporal no processo, que exige um sistema de organização e distribuição bastante complexo, envolvendo muito mais dificuldades e requisitos do que o mero deslocamento (transporte) do produto.
Finalmente, na conceituação de Logística, pressupõe-se que o objetivo final dos sistemas planejados e implementados segundo esses princípios, seja o de se conseguir soluções econômicas, em que a preocupação com custos, embora não sendo o critério único, ocupa papel de destaque.
São inúmeros os exemplos de aplicação dos conceitos logísticos a problemas reais, quase sempre relacionados com os setores industrial e comercial.
Tome-se, como exemplo, o problema do abastecimento de peças, componentes e acessórios de uma indústria automobilística. A rede de concessionárias precisa estar abastecida de forma a atender às revisões e consertos dos veículos daquela marca, bem como vender as peças e componentes no varejo. Para a empresa montadora, por outro lado, não basta o simples ato de despachar as peças para os destinatários. A imagem de seus produtos ficará prejudicada sensivelmente se os serviços de assistência técnica não forem satisfatórios para seus clientes. A entrega das peças e componentes, no tempo certo, é assim, um elemento fundamental no processo. Obviamente, os aspectos ligados a custos (estoques, transporte, distribuição, controle, processamento, etc.) são fundamentais e constituem, não somente neste exemplo como nos demais, a espinha dorsal da avaliação de soluções alternativas.
Os problemas de Logística aparecem não somente na distribuição dos produtos. No processo inverso, constituído pela coordenação do recebimento dos insumos necessários à produção, há problemas relevantes que devem ser igualmente equacionados. No exemplo da empresa jornalística, o recebimento do papel de imprensa, de maneira a garantir um estoque adequado para as contínuas edições, constitui problema que exige muito esforço de coordenação e gerenciamento, objetivando maior racionalização do processo e redução de custos, incluindo o papel, o transporte e as despesas de estocagem.
A Figura 2.1, apresentada a seguir, procura dar uma visão do campo de atuação da moderna Logística. Hoje, a logística é entendida como a integração tanto da administração de  materiais, como da distribuição física.


  
Fig. 2.1: Escopo da Logística Empresarial
Fonte: BALLOU (1993)

No setor militar, o campo logístico sempre ocupou papel relevante. Os pontos avançados de ataque e de defesa precisavam estar adequadamente abastecidos de munição e provisões, sem o que as batalhas dificilmente seriam ganhas.




O PAPEL DO TRANSPORTE NA ESTRATÉGIA LOGÍSTICA

Introdução
O transporte é uma das principais funções logísticas. Além de representar a maior parcela dos custos logísticos na maioria das organizações, tem papel fundamental no desempenho de diversas dimensões do serviço ao cliente. Do ponto de vista de custos, representa, em média, cerca de 60% das despesas logísticas, o que, em alguns casos, pode significar duas ou três vezes o lucro de uma companhia, como é o caso, por exemplo, do setor de distribuição de combustíveis.
As principais funções do transporte na Logística estão ligadas basicamente às dimensões de tempo e utilidade de lugar. Desde os primórdios, o transporte de mercadorias tem sido utilizado para disponibilizar produtos onde existe demanda potencial, dentro do prazo adequado às necessidades do comprador. Mesmo com o avanço de tecnologias que permitem a troca de informações em tempo real, o transporte continua sendo fundamental para que seja atingido o objetivo logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar certo ao menor custo possível. Além disso, como ilustra a figura 2.2, bens no momento certo possibilitam maiores preços.


Fig. 2.2: Bens no momento certo possibilitam maiores preços
Fonte: BALLOU (1993)

Muitas empresas brasileiras vêm buscando atingir tal objetivo em suas operações. Com isso, vislumbram na Logística, e mais especificamente na função transporte, uma forma de obter diferencial competitivo. Entre as iniciativas para aprimorar as atividades de transporte, destacamse os investimentos realizados em tecnologia de informação, os quais objetivam fornecer às empresas melhor planejamento e controle da operação, assim como a busca por soluções multimodais que possibilitem uma redução significativa nos custos. São inúmeros os exemplos de empresas com iniciativas desse tipo, destacando-se entre elas Souza Cruz, Coca-Cola, Brahma, Martins, Dow Química, entre outras.
Integração com outras funções logísticas
Um dos principais pilares da Logística moderna é o conceito de Logística Integrada, que está representado na Figura 2.3. Por meio desse conceito, as funções logísticas deixam de ser vistas de forma isolada e passam a serem percebidas como um componente operacional da estratégia de Marketing. Com isso, o transporte passa a ter papel fundamental em várias estratégias na rede logística, tornando necessária a geração de soluções que possibilitem flexibilidade e velocidade na resposta ao cliente, ao menor custo possível, gerando assim maior competitividade para a empresa.
Entre os principais “trade-offs” (compensações) que afetam a função transporte, destacamse os relacionados ao Estoque e ao Serviço ao Cliente.


Fig. 2.3: Estrutura do conceito de Logística Integrada
Fonte: FLEURY, at all (2000)

a) Transporte x Estoque
O ponto central deste trade-off é a relação entre políticas de transporte e de estoque. Dentro de uma visão não integrada, o gestor de estoques possui comumente o objetivo de minimizar os custos com estoque, sem analisar todos os custos logísticos. Este tipo de procedimento impacta de forma negativa outras funções logísticas, como por exemplo, a produção que passa a necessitar de uma maior flexibilidade (com lotes menores e mais freqüentes, ocasionando um custo maior) e uma gestão de transporte caracterizada pelo transporte mais fracionado, aumentando de uma forma geral o custo unitário de transporte. É importante deixar claro, que esta política pode ser a mais adequada em situações onde se utilizam estratégias baseadas no tempo, como JIT, ECR, QR. Estas estratégias visam reduzir o estoque a partir de uma visão integrada da Logística, exigindo da função transporte a rapidez e consistência necessária para atender os tamanhos de lote e os prazos de entrega. Além disso, em muitos casos a entrega deve ser realizada em uma janela de tempo que pode ser de um turno ou até de uma hora.
Outra questão importante ligada a este trade-off está associada a escolha de modais. Dependendo do modal escolhido, o transit time poderá variar em dias. Por exemplo, um transporte típico de São Paulo para Recife pelo modal rodoviário demora em torno de 5 dias, enquanto o ferroviário pode ser realizado em cerca de 18 dias. A escolha dependerá evidentemente do nível de serviço desejado pelo cliente, e dos custos associados a cada opção. O custo total desta operação deve contemplar todos os custos referentes a um transporte porta a porta mais os custos do estoque, incluindo o estoque em trânsito. Para produtos de maior valor agregado pode ser interessante o uso de modais mais caros e de maior velocidade.

b) Transporte x Serviço ao Cliente
O Serviço ao Cliente é um componente fundamental da Logística Integrada. Todas as funções logísticas vistas na figura 2.3 contribuem para o nível de serviço que uma empresa presta aos seus clientes. O impacto do transporte no Serviço ao Cliente é um dos mais significativos e as principais exigências do mercado geralmente estão ligadas à pontualidade do serviço (além do próprio tempo de viagem), à capacidade de prover um serviço porta a porta, à flexibilidade, no que diz respeito ao manuseio de uma grande variedade de produtos, ao gerenciamento dos riscos associados a roubos, danos e avarias e à capacidade do transportador oferecer mais que um serviço básico de transporte, tornando-se capaz de executar outras funções logísticas. As repostas para cada uma destas exigências estão vinculadas ao desempenho e às características de cada modal de transporte, tanto no que diz respeito às suas dimensões estruturais, quanto à sua estrutura de custos.


Classificação dos Modais de transporte

Os cincos modais de transporte básicos são o ferroviário, o rodoviário, o aquaviário, o dutoviário e o aéreo. A importância relativa de cada modal pode ser medida em termos da quilometragem do sistema, volume de tráfego, receita e natureza da composição do tráfego. A tabela 2.1 resume a estrutura de custos fixos-variáveis de cada modal, ao passo que a tabela 2.2 classifica as características operacionais de cada modal quanto à velocidade, disponibilidade, confiabilidade, capacidade e freqüência. Essas características serão discutidas a seguir.


Tabela 2.1: Estrutura de custos para cada modal


Fonte: FLEURY at all (2000)



Tabela 2.2: Características operacionais relativas por modal de transporte

(a menor pontuação indica a melhor classificação)
Fonte: FLEURY at all (2000)

A velocidade refere-se ao tempo decorrido de movimentação em uma dada rota, também conhecido como transit time, sendo o modal aéreo o mais rápido de todos. A disponibilidade é a capacidade que um modal tem de atender qualquer par origemdestino de localidades. As transportadoras rodoviárias apresentam a maior disponibilidade já que conseguem dirigir-se diretamente para os pontos de origem e destino, caracterizando um serviço porta a porta. A confiabilidade refere-se à variabilidade potencial das programações de entrega esperadas ou divulgadas. Os dutos, devido ao seu serviço contínuo e à possibilidade restrita de interferência pelas condições de tempo e de congestionamento, ocupam lugar de destaque no item confiabilidade.
A capacidade refere-se à possibilidade de um modal de transporte de lidar com qualquer requisito de transporte, como tamanho e tipo de carga. O transporte realizado pela via marítima/fluvial é o mais indicado para essa tarefa. A classificação final refere-se à freqüência, que está relacionada à quantidade de movimentações programadas. Novamente, os dutos lideram o item freqüência devido ao seu contínuo serviço realizado entre dois pontos. Conforme é ilustrado na tabela 2.2, a preferência pelo transporte rodoviário é em parte explicada por sua classificação de destaque em todas as cinco características. Transportadoras rodoviárias que operam sistemas rodoviários de classe mundial ocupam o primeiro ou o segundo lugar em todas as categorias, exceto no item capacidade.
No Brasil ainda existe uma série de barreiras que impedem que todas as alternativas modais sejam utilizadas da forma mais racional. Isto é reflexo do baixo nível de investimentos verificado nos últimos anos com relação à conservação, ampliação e integração dos sistemas de transporte. Apesar de iniciativas como, por exemplo, o processo de concessão à iniciativa privada de portos e ferrovias, pouca coisa mudou na matriz brasileira, conforme pode ser visto na tabela 2.3. A forte predominância no modal rodoviário prejudica a competitividade em termos de custo de diversos produtos, como é o caso das “commodities” para exportação.

Tabela 2.3: Participação dos modais na Matriz de Transporte (%)

Fonte: FLEURY at all (2000)

Impactos da Internet sobre o Transporte

A Internet, bem como outras tecnologias de informação, têm não apenas gerado necessidades específicas, mas também criados novas oportunidades para o planejamento, o controle e a operação das atividades de transporte. Dentre estas necessidades e oportunidades, poderíamos citar a crescente demanda por entregas mais pulverizadas, o surgimento de portais de transporte e o potencial para rastreamento de veículos em tempo real.

a) Pulverização das entregas
Entrega direta pelos fabricantes:
Através da Internet, tornou-se possível para fabricantes de produtos de elevado valor agregado, como os computadores, a comercialização direta para os consumidores, eliminando da cadeia de suprimentos a necessidade de intermediários como distribuidores e varejistas. Anteriormente, o transporte de produtos entre fabricantes e seus principais clientes era marcada por uma maior concentração e estabilidade nos embarques, visto que os destinos dos clientes eram conhecidos e os mesmos procuravam renovar seus estoques periodicamente. Nos EUA, a Gateway e a Dell dominam o mercado de vendas diretas de computadores pessoais pela Internet. A distribuição destes computadores é feita por transportadoras que possuem um elevado grau de penetração em diversos mercados. Na gestão do transporte, cada vez mais as empresas que realizam uma distribuição altamente pulverizada, buscam sistemas como roteirizadores para auxiliá-las na estruturação de rotas. O transporte é marcado por um curto tempo em trânsito (“transit time”) e grande flexibilidade na entrega, feita normalmente entre 1 e 2 dias.

b) Surgimento de portais de transporte
A Internet também está proporcionando o surgimento de novos negócios virtuais ligados à compra e venda de fretes. Na realidade, estão sendo estruturados portais na Internet que fazem a intermediação entre transportadores e embarcadores. Este tipo de modelo de negócio é caracterizado pela contratação de transporte spot. Com isso, o portal permite articular a necessidade de transporte de um embarcador, caracterizado pela origem, destino e o tipo de carregamento, com a oferta disponível. Em outras palavras, o portal busca um transportador que se interessa pelo transporte da carga, tentando ao mesmo tempo obter as melhores condições para o embarcador.

c) Rastreabilidade de carregamentos

Um das grandes vantagens que a Internet oferece na melhoria da qualidade de serviço é a possibilidade de rastrear carregamentos. Empresas de “courier” (entregas), agências marítimas, transportadores rodoviários, ferroviários e operadores logísticos estão utilizando cada vez mais a Internet para disponibilizarem o status dos carregamentos para seus clientes. A Fedex, um dos maiores “couriers” americanos com faturamento superior a US$ 13 bilhões, estruturou no início da década de 90 um sistema de acompanhamento do pedido altamente sofisticado, recentemente beneficiado pela facilidade que a internet propicia. De modo semelhante, empresas brasileiras, como a Varig Cargo, também estão disponibilizando informações sobre o status da carga via internet.

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https://pt.scribd.com/doc/249566602/Apostila-o-Planejamento-Dos-Transportes-No-Contexto-Da-Logistica

Um comentário:

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